sábado, dezembro 13, 2008

Algumas Observações

A primeira é um vídeo sobre a expansão do Metrô em Madri, onde a cidade já conta com cerca de 242 quilômetros de extensão. Enquanto isso, o Metrô do Rio de Janeiro tem 42 quilômetros. Temos que ter consciência que esse meio de transporte é essencial para uma cidade mais humana.

A companhia Vale do Rio Doce uma das maiores mineradoras do mundo, que foi criada pelo estado brasileiro para explorar o ferro das Minas Gerais passa, hoje, por dificuldades em função da retração dos mercados.

Li no Los Angeles Times um depoimento de um ex-correspondente do jornal na América Latina que retorna para Los Angeles. Interessante suas observações sobre a influência latina em LA, mais interessante ainda é a observação sobre as diferenças que ele percebe. Ele cita que diferente dos países latinos, em LA se um pedestre tenta atravessar os carros param e quando as sirenes tocam, os carros param e abrem caminho para os veículos de emergência. Generalizações são perigosas, mas é fato que no Rio de Janeiro raramente os motoristas fazem o certo: afastar o carro para a calçada e parar para deixar a ambulância/bombeiro/polícia passar.

Li também no Los Angeles Times sobre uma lista de comidas que têm maior chance de provocar câncer. Isso é particularmente importante para aqueles que abusam da comida rápida (fast-food).

No sítio da BBC em Português há uma foto sobre a campanha do estado alemão para diminuir o consumo excessivo de álcool. Consumir álcool além de contribuir para problemas no fígado pode colocar a pessoa em situação de vexame.

Também no sítio da BBC entendi porque quando visitei Kaiserslautern no Google Earth, parte da cidade fica tapada com uma faixa cinza.

Vi o filme do Guel Arraes: Romance. Gostei principalmente das atuações da Letícia Sabatella e da Andréa Beltrão; mas isso fica para uma próxima nota.

Essa semana marca o 60 aniversário sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. É sempre bom lembrar. É importante saber que mesmo com 60 anos, ainda é pouco seguida em grande parte do mundo e infelizmente teve sérios reveses nos últimos 8 anos. A declaração é um marco para a raça humana.

Lembrem-se: só façam cheques nominativos; isso pode evitar problemas.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Sobre a Crise Mundial

Recomendo fortemente a entrevista do Professor Noam Chomsky (em Inglês) sobre a crise. Siga o elo.

Vale lembrar que o Chomsky é professor do MIT e seu trabalho em linguística é base de vários sistemas de análise de gramática. O professor Chomsky é também visto, por muitos, como um socialista, ou seja, pertencente a esquerda americana. Particularmente gostei da explicação sobre isso que aparece na entrevista. Ele ressalta que estar interessado na participação democrática da maioria da população é democracia e não socialismo. Gostei disso.

Outro aspecto importante: ele denuncia a grave crise do setor de saúde nos Estados Unidos, onde a população depende do setor privado para ter atendimento médico. Esse sistema de saúde tem se mostrado difícil de controlar e com custos cada vez mais altos.

Será que o Brasil pode aprender com isso? Explico: nos últimos 20 anos, parte da população brasileira, principalmente a classe média, depende fundamentalmente da medicina privatizada. Isso, ao contrário do que pensam e espertamente propagam, alguns, está longe de ser a solução (por isso o "aprender com isso"). Enfim: escutem.

Impressionante: a General Motors, uma das maiores empresas do mundo, lança um sítio na Internet em que pede a cidadãos americanos que escrevam para seus senadores e deputados pedindo que urgência na liberação de empréstimo para as montadoras americanas. Segundo esse sítio, a situação é urgente e não pode esperar os já prometidos 65 bilhões que dependem de legislação em discussão no congresso americano. Vejam (em Inglês).

sábado, novembro 15, 2008

Sob a mesma Lua (Under the Same Moon)

É um filme sobre a aventura de um menino que tenta encontrar sua mãe.
É um filme muito bem feito, bem construído. Uma aventura passada entre o México e a Califórnia. Reflete a visão da Califórnia como a promessa de uma vida melhor, e o esforço que alguns mexicanos fazem para migrar para o lado “rico” desse trecho do oceano Pacífico.

Vale a pena ver. A crítica do jornal O Globo é uma crítica que deixa de refletir a beleza do filme e de sua acurada composição, a critica se atém ao “script” e mesmo assim basicamente reflete o “gosto’ do crítico.

Veja o que escrevi sobre o filme.

Por outro lado, uma visão da costa leste, um outro bom filme ajuda a retratar a vida americana, hoje com tantas nuances e sub-culturas. Falo do filme “Dan in Real Life”, aqui com o título “Eu, meu irmão e nossa namorada”. Gostei também.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Por Favor Ajudem

Hoje li que a Chapada Diamantina está em perigo.

Podemos ajudar? Creio que sim.

Eu mandei uma mensagem para o deputado federal em que votei nas últimas eleições.

É preciso alertar para que exista uma extensa mobilização de forma a minimizar os possíveis danos a um dos santuários da natureza no Brasil.

Qualquer forma de ajuda vale a pena. Pense também em como ajudar.

A Chapada é belíssima, vale muito tentar minimizar os efeitos do fogo.

Veja fotos da Chapada aqui.

Registros da Crise

A empresa Circuit City entrou com um pedido de falência nos Estados Unidos. Essa empresa cresceu rápido e era o lugar mais em conta para a compra de eletro-eletrônicos na América.

Reflexo da crise. Leia, em Inglês, a notícia que saiu hoje no La Times.


Por razões de trabalho estive no começo de Setembro na Espanha. Fiz algumas compras com o cartão de crédito e paguei a fatura com vencimento em Outubro. Agora na fatura de Novembro veio a conta de ajuste. Quando a fatura foi impressa o dolar estava a 1,9, mas na data de efetivo pagamento estava a 2,5. Portanto, se no total eu tivesse uma conta de mil doláres, eu pagaria mais de 600 reais além do pago na data de vencimento. Parece mentira. Parece um furto. E é.

Reflexo da crise, paguei a conta da loucura do câmbio.

Tenho gasto muito tempo tentando entender o que ocorreu nessa crise, para onde foi o dinheiro, mas cadê as respostas?

É bom saber: vivemos, e a crise demonstra isso, num mundo bastante interconectado.

Pensem: em Agosto de 2007 o barril de petróleo custava cerca de 55 doláres, em Maio de 2008 chegou a 145 doláres. Vários colunistas explicavam que era um aumento de demanda!

Hoje o barril deve estar no limiar dos mesmos 55 doláres.

Para mim é óbvio que isso não faz nenhum sentido, mas é real. Como explicar?

quarta-feira, novembro 05, 2008

América Viva : Viva a América

Acabo de escutar o discurso do presidente eleito americano, Mr. Obama. Vale a pena escutá-lo. Veja aqui o discurso completo, traduzido pelo O Globo.

Uma grande vitória da democracia americana, uma vitória da
esperança e fé em tempos melhores. Uma vitória do melhor
espírito americano nas suas verdadeiras raízes.
Uma vitória certa no tempo certo.
Há que se construir um mundo novo, reconstruir para paz.

Aponto abaixo alguns trechos do discurso que acredito serem simbólicos para sustentar a esperança de novos tempos. Traduzi livremente, mas mantenho o original para que o sentido não se perca na tradução.



It's the answer that -- that led those who've been told for
so long by so many to be cynical and fearful and doubtful about
what we can achieve to put their hands on the arc of history and
bend it once more toward the hope of a better day.
It's been a long time coming, but tonight, because of what
we did on this day, in this election, at this
defining moment, change has come to America.


"É a resposta que, que levaram a aqueles a quem foi dito por tanto
tempo e por tantos que deveriam ser cínicos e temerosos e
descrentes do que poderíamos alcançar a colocar suas mãos no
arco da história e dobrá-lo uma vez mais no sentido de esperança
por um dia melhor. Demorou muito para vir, mas hoje a noite,
por causa do que fizemos nesse dia, nessa eleição, nesse
momento decisivo, a mudança chegou à America. "



It grew strength from the young people who rejected the myth
of their generation's apathy.


"A campanha ganhou força da juventude, que rejeitou o mito da apatia de sua geração. "



And above all, I will ask you to join in the work
of remaking this nation the only way it's been done in America for 221 years -- block by block, brick by brick, calloused hand by calloused hand.

"E sobretudo, eu peço a vocês que se unam no trabalho de refazer
essa nação da única maneira que tem sido feito por 221 anos:
bloco por bloco, tijolo por tijolo, mãos calejadas por mãos calejadas."



So let us summon a new spirit of patriotism, of responsibility
where each of usresolves to pitch in and work harder and look after not only ourselves, but each
other.

"Então vamos nos reunir em um novo espírito de patriotismo,
de responsabilidade onde cada um de nos decide contribuir, trabalhar
com afinco e tomar conta não apenas de nós mesmos, mas de cada um de nós. "



And to all those who have wondered if America's beacon still
burns as bright: tonight we proved once more that the true strength of our
nation comes not from the might of our arms or the scale of our wealth, but
from the enduring power of our ideals -- democracy, liberty, opportunity and unyielding hope.

That's the true genius of America, that America
can change. Our union can be perfected. And what we have already achieved
gives us hope for what we can and must achieve tomorrow.


"E para todos que ponderam se a chama americana ainda brilha:
esta noite nós provamos, uma vez mais, que a verdadeira força de
nossa nação vem não do poderio de nossas armas ou do peso de
nossa riqueza, mas da força duradora de nossos ideais:
democracia, liberdade, oportunidade e persistente esperança.
Essa é a verdadeira genialidade da America, a America pode mudar.
Nossa união pode ser aperfeiçoada. E que o que nós já conseguimos nos dá esperança do que teremos e devemos alcançar amanhã."

quarta-feira, outubro 01, 2008

Votar é Escolher

Depois de muito pensar e vendo o vídeo do penúltimo programa do Fernando Gabeira, escolhi.

Vou votar 43. Além do mais, é do partido verde.

Veja o vídeo com o Caetano declarando seu voto.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Conselhos para o Estudo

Lembro-me do tempo do vestibular. O dono do cursinho dizia: "Quem come bem e dorme bem passa no vestibular".

Muito tempo se passou até que eu encontrasse essa matéria na revista Visão (Portugal). Veja o que diz uma reportagem da revista de 11 de Setembro de 2008.


sábado, agosto 16, 2008

Adeus

Hoje, foi-se um dos mais importantes brasileiros.
Foi-se deixando um legado de sonoridade que
sempre estará com aqueles que tiveram a felicidade de ouvi-lo cantar.
Deixa gravada sua voz para que outros, que não o ouviram, possam ouvi-lo.
Foi-se um homem que gostava de cantar sobre o mar.
Foi-se o homem que gostava de cantar sobre as belezas de sua terra.

Cores de Fim de Tarde

Deixa o legado de suas letras, tão cantada por outros.
Deixa o legado de uma família que herdou o gosto pela música.
Deixa muita saudade.
Obrigado Dorival Caymmi.

25/08 --> Acabei de descobrir uma nota no LA Times sobre Caymmi.
24/08 --> Ontem, no O Globo, o João Ubaldo escreveu sobre o que era ser amigo de Dorival Caymmi. Esse Ubaldo é sortudo.

domingo, julho 13, 2008

Hilários Mamonas

No ano de 1995 surgiu um conjunto musical no Brasil que se nomeou Mamonas Assassinas. O nome, já conotava o jeito debochado com que o grupo encarava a vida. Muitas de suas músicas refletiam um humor que se centrava em piadas de cunho sexual, algumas bastante julgares. Os melhores (ou piores) exemplo são as músicas Mundo Animal e Vira Vira.

No entanto, o que chamava atenção não era a vulgaridade de algumas letras, mas sim o jeito com que elas eram cantadas. Primeiro com uma encenação bastante original tanto no que diz respeito ao figurino, como a coreografia. Era bastante engraçado. A roupa de Chapolin era o máximo.

Além disso, a banda era uma ótima banda. Tocavam muito bem. Rock, rock caipira, pré-funk, pré-axé. Enfim uma grande mistura, mas incrivelmente eficaz quanto ao propósito: fazia a audiência se mexer. Suas letras eram cantadas principalmente por crianças que achavam o grupo o máximo, principalmente porque conduziam alegria e descontração, além é claro liberarem algumas palavras que normalmente eram censuradas (bunda, peido, bosta, ...) por adultos.

O conjunto teve uma morte trágica, um acidente na descida em Guarulhos. Eles que foram criados nessa cidade, que faz parte da grande São Paulo.

Minha música preferida sempre foi a Brasília Amarela, que na verdade chamava-se Pelados em Santos. A música é o máximo porque faz uma mistura fantástica de guarânia, mariachi, sertanejo, rock e baião. Fantástico.

Quinta-Feira (dia 10 de Julho) a TV Globo exibiu um especial sobre o grupo. Emocionante. Comovente. Lembrei do dia do acidente e como foi a despedida.

A coleção de vídeos do “YouTube” refrescou minha memória desse grupo jovem, lutador, alegre, carismático e, sobretudo, inovador ao misturar estilos, culturas, medos, alegrias, preconceitos,e desigualdade numa maneira exclusivamente brasileira:

Money
Que é good nóis no have
Se nóis hevasse nóis num tava aqui playando
Mas nóis precisa de worká
Money
Que é good nóis no have
Se nóis hevasse nóis num tava aqui workando
O nosso work é playá
(1406)

É uma pena que muitos que escrevem sobre o Brasil ainda pensam como se Brasil fosse a zona sul carioca. Aqui, refiro-me a um conhecido colunista do O Globo, que há duas semanas atrás mostrou espanto com a cultura musical do centro oeste.

quarta-feira, abril 23, 2008

Aklia

Acabei de ler o romance El infinito en la palma de la mano
de Gioconda Belli. Encontrei esse livro na livraria Ateneo.

Paraíso dos Leitores

Chamou-me atenção por três razões: estava em destaque por ser um lançamento, havia ganho o prêmio Biblioteca Breve, e, pelo que se propunha, poderia ser interessante de ler. Talvez esta última razão fosse a mais tênue, simplesmente porque ler sobre Adão e Eva, há de se convir, é algo pouco atrativo. No entanto, comprei.

Comprei, também, um livro de dois historiadores sobre o paralelo na história Brasil-Argentina entre 1850 e 2000. Um das razões para a compra desse livro foi que um dos autores é o Professor Boris Fausto da Universidade de São Paulo. Boris Fausto foi colega de meu pai no Colégio São Bento. Espero escrever sobre isso no futuro.

Volto ao tema dessa postagem. O livro de Gioconda Belli.

Imagine-se sendo o primeiro homem e a primeira mulher, construa, sob a perspectiva feminina, essa história, mescle aspectos físicos de sobrevivência com aspectos de consciência filosófica, use o livro mais antigo, use outros livros sobre livros antigos, mas, principalmente, faça isso com competência de um bom escritor. O resultado é o livro “El Infinito en la palma de la mano”.

O livro levou-me a ler a Bíblia. Como disse a autora, em sua apresentação do livro,: “Descubrí así que aunque Adán y Eva solo ocupan cuarenta versículos del Gênesis, su historia y la de sus hijos: Caín y Abel, Luluwa y Aklia, aparecen en numerosas relaciones e interpretaciones arcaicas”. Interessante que, apesar de tê-la em minha mesa de cabeceira, muito raramente a havia lido. Creio que isso acontece com muitas pessoas.

Outro aspecto interessante do livro é reviver através de Eva os questionamentos sobre o ser, sobre o conhecimento. O drama de Caim é relatado de uma maneira convincente, diferentemente de como normalmente se supõe. É bem narrada a constante preocupação em evitar contrariar ao criador e a constante preocupação com a atitude de Eva de comer do fruto da árvore do meio do Jardim. Também, é constante o sonho de voltar ao Paraíso.

Vale a pena ler. Poderia ter sido assim, mas o principal é que é uma boa leitura e que remete a elementos básicos da vida e nisso, obviamente, é muito atual.

sábado, abril 19, 2008

Neil Jordan

Neil Jordan é um diretor irlandês. Seus filmes mais conhecidos são: Traídos pelo Desejo ("The Crying Game"), Entrevista com o Vampiro ("Interview with the Vampire") e Mona Lisa. Assisti todos três. Muito bons. Além desses gostei também de Lance de Sorte ("The Good Thief"), com uma atuação muito boa do Nick Nolte.

Ontem, vi o filme Valente ("The Brave One") o último lançamento do diretor. Gostei. É preciso advertir: é um filme duro, o início é extremamente violento. Assistindo por DVD você pode controlar e aumentar a velocidade nessa parte. O ponto é que é um filme bem construído. Utiliza técnicas narrativas de paralelismo, que são importantes no contexto da historia, e usa com brilhantismo a interpretação da atriz principal Jodie Foster como a do coadjuvante Terrence Howard. O tema é a “justiça” feita fora da lei. É um mergulho profundo na transformação de um ser humano em um ser desumano. Mais um filme que aborda a violência urbana, mas com um tratamento mais profundo sob a ótica do indivíduo, que vê-se empurrado para resolver o problema pelas próprias mãos.

Um dos críticos que costumo consultar, James Berardinelli, vê a singularidade do filme ao tratar o assunto de maneira diferente dos tradicionais filmes de vingança.

sábado, abril 12, 2008

Obrigado, Juliana

Ontem fui ver o show de Rosa Passos no Mistura Fina.

Simplesmente Magistral!

A interpretação de Um Vestido de Bolero de Caymmi foi massa.

Por falar em Dorival Caymmi, foi bom escutar sua voz novamente. Essa voz que, quando pequeno, tanto escutava: meu pai era fan de Dorival Caymmi.

sábado, março 22, 2008

Cormac McCarthy --> Violência (Literatura?)

Acabei de assistir Charlie Wilson's War. No Brasil, levou o título de
Jogos do Poder (diretor: Mike Nichols).
É um filme correto, muito bem montado e com um excelente ritmo. Três atores de primeiro time: Tom Hanks, Julia Roberts e Philip Seymour Hoffman. Os atores são ótimos e o Philip Seymour Hoffman faz uma interpretação brilhante. O filme foi criticado porque não teria um discurso político e porque deu prioridade à diversão. Discordo. O filme mostra como guerras são feitas, como funciona a troca de favores entre congressistas, como milionários influenciam o funcionamento do estado e como sociedades secretas podem existir, além, claro, dos usuais "escândalos" com sexo e drogas. Tudo isso é pano de fundo para "explicar" como os Estados Unidos armaram os afegãos para que estes derrotassem as forças invasoras da União Soviética.

Alguns críticos fizeram uma comparação com o filme Leões e Cordeiros (“Lions for Lambs”) do diretor Robert Redford. O filme de Redford é um discurso político na forma direta. Interessante que, como em Jogos do Poder, o filme também tem uma trinca de atores fora de série: Robert Redford, Meryl Streep e Tom Cruise. Só que Jogos de Poder é muito melhor enquanto cinema. Leões e Cordeiros, como muitos críticos apontaram, mais parece uma aula. Creio, no entanto, que isso foi intencional. Aqui o cenário é a discussão sobre a consciência política da juventude americana no início do século XXI. O pano de fundo é a guerra no Afeganistão, mais isso, quase mais de 10 anos depois da expulsão da União Soviética.

De qualquer modo a diferença entre os dois filmes é clara quando se comparam os “termômetros” do sítio Tomates Podres. Jogos do Poder ficou com 83% e Leões e Cordeiros com 27%! Outro aspecto interessante: as capas promocionais dos dois filmes mostram os 3 atores principais.

Vale a pena ver esses filmes? Sim, recomendo. Apesar de americanos e extremamente ligados à cultura americana, nos ajudam a “entender”, um pouco, a confusão que foi criada no choque entre o mundo ocidental e o mundo árabe.

Ao pesquisar sobre os dois filmes acima e ler algumas das críticas, encontrei também críticas sobre o filme “No Country for Old Men” (diretores: Joel Coen, Ethan Coen), com o título, no Brasil, de “Onde os Fracos Não Tem Vez”. Incrível! No termômetro dos Tomates Podres tem 94%!. Vi o filme há duas semanas atrás. Incrivelmente bem feito, prende o espectador do começo ao fim. No entanto, não gostei do filme. Na verdade, recomendo que evitem ver o filme. È violento e desconfortável. Ao sair do cinema fiquei angustiado, e isso não ocorreu só comigo. No entanto, foi o grande ganhador do Oscar esse ano.

No meio do ano passado li um livro, que estava na lista de mais vendidos nos Estados Unidos, chamado “The Road”. Li o livro até o fim, mas fiquei triste. É uma das visões mais pessimistas sobre a humanidade que lembro de ter lido. O romance narra a saga de pai e filho num mundo completamente destruído e onde os sobreviventes, não são vistos como parceiros e solidários sobreviventes, mas como predadores uns dos outros. É uma ode ao uso de armas. Realmente terminei de ler, porque já tinha começado. Achei angustiante, tenebroso, e sádico. No entanto, foi um livro muito popular e seu autor é aclamado pela crítica americana como um escritor importante. Seu nome é Cormac McCarthy.

Para minha surpresa, ao ler as críticas ao filme “Onde os Fracos Não Tem Vez”, que como disse acima não gostei, soube que o filme foi baseado num romance do mesmo escritor do livro que critiquei, ou seja o Sr. Cornac McCarthy. Se soubesse disso, talvez não tivesse ido ver o filme.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Raios Verdes

Faz muito tempo vi um filme de Éric Rohmer, cujo o título, em
Francês, é Rayon Vert. É um filme no qual a protoganista procura
um sentido para sua vida. É um filme intimista, mas
carrega uma mensagem otimista. Assim me lembro.

No entanto, o que ficou desse filme foi sua cena final.
Nela os personagens assitem a um pôr do sol, no qual o raio
verde aparece. Esse raio verde é um raro fenômeno metereológico.
Diz a lenda, segundo o filme, que quem o vê, passa a ter um dom
especial de entender os sentimentos de outrem.

Repassando fotos que tirei no Big Sur, me lembrei que, no fundo,
ao fazer aquelas fotos, eu de certa maneira procurava, como
ainda procuro ver o raio verde.

Veja a foto que comentei no Flickr (é só clicar).

Looking for the Rayon Vert

Informações sobre o Raio Verde, achei na Wikipedia, mas em Inglês e ou Francês.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Poesia

Numa viagem recente ao Recife, notei que um arranha-céu da praia de Boa Viagem leva o nome do poeta Fernando Pessoa. Isso rendeu uma foto que gostei.

Fernando Pessoa em Boa Viagem

Procurando na rede um poema que fizesse sentido com a situação, notei que, em vários deles, Pessoa refere-se ao vento ou a brisa. A brisa é uma característica do litoral nordestino, portanto é proprio o lugar onde plataram o busto do poeta.

Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.

Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.

Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?

Fernando Pessoa, 27-11-1930

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Palavras de Sabedoria

Só agora, tive a oportunidade de ver o filme que Emilio Esteves fez para homenagear Robert Francis Kennedy. Irmão do presidente Kennedy, Robert F. Kennedy foi "Attorney General" (advogado geral da união) e Senador. Morreu em 1968 quando disputava a indicação do partido democrata para concorrer a presidência.

O filme de Esteves usa da ficção para mostrar vidas de americanos no contexto do hotel Ambassador, onde ocorreu a tragédia. Um elenco de excelente atores compõe um mosaico que procura retratar, de certa maneira, a sociedade americana no final dos anos 60.

A morte de Bob Kennedy, como era conhecido, ocorreu poucos meses depois da morte do líder pacifista Martin Luther King.

O filme termina com um discurso proferido por Kennedy no dia 5 de Abril de 1968 em Cleveland, Ohio. O discurso é um reflexo da morte de Luther King, e é uma ode ao pacifismo. Seu texto original encontra-se aqui. Tomei a liberdade de traduzir partes que incluo a seguir. Veja como seu texto é atual, aplica-se ao mundo todo, e é tristemente profético (tem quase quarenta anos).
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(03/05/2013) -- Os elos acima foram descontinuados, mas uma busca no You Tube levará a outros vídeos.  No entanto, muito deles foram editados para suprimir uma parte do discurso.  A Wikipedia aponta para o WikiSource, onde acredito que o texto original esteja intacto.  Veja aqui.
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Nós, ainda, aparentemente, toleráramos um aumento no nível de violência que ignora a nossa humanidade comum e as nossas reivindicações de civilidade. Nós aceitamos calmamente relatos de jornais sobre matanças que são feitas em outros cantos do planeta. Nós glorificamos mortes nos filmes e nas telas da televisão e chamamos isso de diversão (entretenimento). Nós facilitamos que homens de diferentes níveis de sanidade possam adquirir armas e munições como quiserem.

No entanto, existe outro tipo de violência, mais lento, mas tão mortalmente destrutivo como um tiro ou uma bomba na noite. É a violência das instituições; indiferença e inanição e lenta decadência. Esta é a violência que aflige os pobres, que envenena as relações entre os homens, porque sua pele tem cores diferentes. Esta é a lenta destruição de uma criança por fome, e as escolas sem livros e casas sem calor no inverno.

Eu não vim aqui para propor um conjunto de medidas específicas, nem existe um único conjunto. De maneira geral nós sabemos o que deve ser feito. Quando você ensina um homem a odiar e temer seu irmão, quando você ensina que existem homens inferiores por causa de sua cor ou de suas crenças ou pela política que ele abraça, quando você ensina que aqueles que diferem de você ameaçam sua liberdade ou seu trabalho ou sua família, então você também aprende a enfrentar os outros não como co-cidadãos, mas como inimigos, para que sejam abordados não com cooperação, mas com conquista; para serem subjugados e dominados.

Nossas vidas neste planeta são demasiadas curtas e o trabalho a ser feito é enorme, para deixar que esse espírito floresça por mais tempo em nossa terra. Claro que não podemos aniquilá-lo com um programa ou uma resolução.

No entanto, podemos, talvez, lembrar, se apenas por um momento, que aqueles que vivem conosco são nossos irmãos, que eles dividem com a gente o mesmo curto momento da vida; que eles procuram, como nós procuramos, nada mais do que a oportunidade de viver suas vidas com um propósito e em alegria, obtendo a satisfação e regojizo que conseguirem.

Certamente, esse elo de fé comum, esse vínculo por uma meta comum, pode começar a nos ensinar alguma coisa. Certamente, podemos aprender, pelo menos, a olhar para aqueles, ao nosso redor, como companheiros, e certamente nós poderemos começar a trabalhar com um pouco mais de afinco para amarrar as feridas entre nós e para tornarmos-nos, em nossos próprios corações, irmãos e conterrâneos uma vez mais.

On the Mindless Menace of Violence
Robert F. Kennedy
City Club of Cleveland, Cleveland, Ohio
April 5, 1968

terça-feira, janeiro 22, 2008

Rosa Passos

É incrível, que, só agora, eu tenha conhecido Rosa Passos.

Graças a Ivete, descobri essa outra magistral cantora baiana.

Sua voz, como muitos comentam, lembra a de João Gilberto, mas sem comparações.

Simplesmente a voz, a entonação, a dicção de Rosa Passos ...

Conheci-a ontem, ao ver no YouTube o vídeo Dunas, que canta com Ivete.

Já vi várias vezes. É simplesmente uma obra de arte.

Se duvidam vejam aqui.

Prestem especial atenção a parte que fala do "alecrim".

Além disso a própria música e letra são leves, como leve é a voz de Rosa Passos.

sábado, janeiro 19, 2008

Contas Nacionais

Um dos aspectos importantes de todo indivíduo ou organização é controlar suas despesas, para no mínimo saber onde estão sendo utilizadas as receitas auferidas. Quando as despesas são de uma organização com vários sócios, esses sócios certamente gostariam de saber como as receitas estão sendo utilizadas, isto é, onde o dinheiro recebido está sendo gasto.

Pois bem, um estado também tem sua contabilidade, e no caso os cidadãos deveriam saber onde o dinheiro está sendo gasto. No entanto, poucos, normalmente economistas, ficam interessados em analisar as contas nacionais. Essa semana uma notícia no jornal O Globo me chamou a atenção: falava de um relatório do Ipea sobre Despesas Correntes da União. Fiquei curioso e fui dar uma lida. Recomendo que vejam a tabela 3 (página 15) do referido artigo. A tabela mostra que o Brasil gasta em despesas financeiras (pagamento de empréstimos) 34,1% (2006) do total de suas despesas correntes! Por que?

Porque como diz o autor do artigo, os juros relacionados a essas despesas são juros altos. Veja o que diz Ronaldo Coutinho Garcia o autor do relatório.

"Mas a principal causa do crescimento das Despesas Correntes da União não foi o aumento dos gastos sociais ou com pessoal. Quem mais impulsionou o crescimento das DCUs foram as despesas com juros e encargos da dívida. Dado que a dívida pública mobiliária federal interna, em valores reais, foi multiplicada por sete, entre 1995 e 2006, e tem sido remunerada com taxas de juros sempre das mais altas do planeta[0], é inevitável que pressione por aumento da carga tributária, comprima os investimentos públicos, exija superávits primários elevados e, mesmo assim, não pare de crescer." (Ipea: texto para discussão 1319)

Ou seja, o país gasta mais em pagamento de juros do que com despesas referentes à manutenção da máquina governamental, já que, com pessoal os gastos são 13,42% (2006) de todas as despesas e transferência para estados e municípios são da ordem de 15,90% (2006) de todas as despesas.

Portanto quando serviços básicos que deveriam estar sendo fornecidos pelo estado brasileiro deixam de ser, é bom saber como a “organização” está gastando os recursos.

Pense sobre isso.