quarta-feira, setembro 09, 2009

6 700

Muitas estradas cabem em 6 700 km, assim como, cabem, também, muitas cidades.

Por falar na estrada. A estrada é a mesma que usei numa viagem parecida há 30 anos, mas agora os caminhões são três vezes maiores e andam em velocidades superiores a 100 km por hora. Fiquei com calo de tanto segurar firme o volante, principalmente quando cruzava com esses gigantes.

Começamos no Rio de Janeiro e fomos direto a Vitória, lá colocamos gasolina, percorremos a beira-mar e perguntamos como chegar a Santa Cruz. Andamos por Vitória e por seus arredores, passando por Serra, que sempre soube ser uma região violenta, mas tudo foi sem problemas. Parte da estrada é no meio de bairros litorâneos. A paisagem fica menos urbana a medida que nos aproximamos de Santa Cruz. Eu, particularmente, gostei da paisagem: mar calmo, escuro , mas com muito verde próximo a água. Passa um clima de tranqüilidade. Vimos a colônia do Sesc: enorme, e lá tirei uma foto do peixe metalizado. Dormimos na Pousada dos Cocais, muito boa e super bem cuidada. Gostaria de voltar.

Pela manhã saímos em direção a Prado, passando pela estrada que margeia a fábrica da Aracruz e as plantações de reflorestamento. Saímos na BR quase em Linhares. Quando chegamos perto de Teixeira de Freitas, para pegar a entrada para Prado, vimos que ainda era cedo, então resolvemos prosseguir até Ilhéus.

Chegamos a Itabuna já perto de anoitecer, perguntamos num posto onde ficava a entrada para Ilhéus. Já tínhamos passado. Voltamos e chegamos à estrada já conhecida. A estrada ficou longa demais à medida que precisamos dos faróis. Queria ter entrado na Universidade Estadual de Santa Cruz, mas já estava tarde. Ainda na estrada começamos a ligar para hotéis. Primeiro em Itacaré e depois em Ilhéus. Na medida em que Marta falava ao telefone rodamos por vários bairros populares de Ilhéus, e saber que Ilhéus já foi uma cidade rica, até chegar à praia sul. Foi lá que ficamos num hotel na beira da estrada que lembrava em arquitetura o antigo Villeganhon em Morro de São Paulo. Foi bom. Tirei fotos legais das flores, e de Ilhéus ao fundo, que dediquei a Sikaa um contato do Flickr.

Saímos quase cedo e fomos tomar banho de mar em Itacaré. Escolhemos Havaízinho e Engenhoca. A trilha entre essas duas praias é uma das mais bonitas trilhas que já percorri. Lembra as trilhas de Kauai, talvez por isso o nome. Tirei belas fotos na trilha, inclusive uma das margaridas. Ficamos um bom tempo em Engenhoca, pegando onda e vendo os surfistas. Lá é que será o hotel 6 estrelas de Itacaré. A praia é belíssima em todos os sentidos e, além disso, tem o riacho de águas ferruginosas que ali desemboca. Beleza pura.

O pessoal da barraca foi super legal em cortar um real de jaca, mole, a qual ficou fácil de comer com espetinhos de madeira. Muito engenhoso, só assim a gente fica com a mão livre da cola da jaca mole. Foi um excelente lanche. Voltamos pela linda trilha e já no Havaízinho conversamos com o vendedor de coco e tomamos água de coco. É interessante que o coco que o pessoal leva para as praias é todo ele descascado. Eu já sabia, mas perguntei novamente o por quê? A razão é bem simples. Fica mais leve de transportar na trilha. Na volta para a estrada tomamos banho de rio. Água deliciosa e fria.

Voltamos para o carro e rumamos para a cidade de Itacaré.
A idéia era pegar a balsa cruzar o Rio de Contas e chegar à nova estrada que ligará Camamu até Itacaré. Só que a mesma está parcialmente pronta e, portanto haveria que pegar um trecho de terra. Perguntamos a algumas pessoas como estava a estrada. O pessoal como sempre procurou ajudar ao máximo. A informação que tivemos é que a estrada estava boa. O truque era saber onde virar à esquerda. Disseram que, dois quilômetros depois da saída da balsa, teria uma placa de um corretor e ali é que teríamos que virar. Depois seriam mais oito quilômetros até a nova estrada.

Arriscamos. Um pouco de estresse, mas super recompensado pela beleza da estrada. Só a gente. O bravo Polo foi dez. Super bucólica, muito bonita. Chegamos a BA 01. No princípio ainda só na brita e depois no melhor asfalto que pegamos. Uma estrada super nova, mas como se vê já com placas danificadas. Paramos num ponto alto da estrada. Linda vista do princípio da península de Maraú. Paramos depois no Mirante, lá, já se avista a baía de Camamu. Muito legal.

Chegamos a Camamu. Lá começamos a procurar o LP, o que já se tornou uma tradição. Creio que é a quinta vez que almoçamos lá. Comida caseira, pescados, mas principalmente um excelente tempero, bem baiano. O restaurante fica em frente da Escola Prof. Joaquim Marcelino Borges , onde existe um belo Flamboyant . Como sempre, ótima comida. Marta pediu uma fritada de aratu e eu um peixe com molho de camarão. Tomamos uma coca-cola de um litro congelada, a coca mais gelada desde muito tempo, já que, como se sabe, eu raramente tomo refrigerante.

A BA 01 é bonita porque passa por várias cidades banhadas por rios que desembocam ou na baia de Camamu a terceira maior baia do Brasil, ou no Oceano beirando a Ilha de Tinharé ou Boipeba. Uma região belíssima coberta de verde do mangue, do dendê e na parte do continente de pedaços da mata atlântica. Perto de Nilo Peçanha existem alguns balneários com cachoeiras. Ainda não conheço, mas gostaria de conhecer.

Seguimos passando por belas paisagens, mas muitos, muitos quebra-molas que evitam que as casas quase dentro da estrada sejam atingidas pelos carros, ou que as pessoas se machuquem. Chegamos a Nazaré das Farinhas, antiga cidade de importância no Recôncavo, que, hoje, pouco lembra seus tempos áureos. De Nazaré até Bom Despacho a BA 001 tem sua pior parte. Buracos e remendos por toda a parte.

Chegamos à ponte que separa o continente da ilha já quase sem luz. Chegamos até o entroncamento Bom Despacho – Caixa Pregos, mais uma vez, me deu vontade de ir a esse lugar que na minha infância era sinônimo de algo muito longe. Até hoje lembro há 30 anos quando chegando a esse mesmo entroncamento fiquei surpreso de que Caixa Prego existisse, e ao tentar chegar lá vi como era longe. Ficou claro o sentido de “lá em caixa prego”. É longe. Mas longe é um conceito muito relativo.

Chegamos a Bom Despacho, a fila do ferry estava razoável, em trinta minutos embarcamos. Bonito cruzar a baía de noite. Beleza ver Salvador toda iluminada. Tentamos ficar no hotel que gostamos, mas estava lotado. Acabamos ficando no Íbis. Jantamos na pizza ali perto.

De manhã tomamos café da manhã na nova Perini, subimos para Brotas e de lá fomos até a Igreja do Bonfim, antes passando pela igreja dos órfãos. Na volta passamos no Abrigo D. Pedro II. Foi ótimo ter ido lá depois de tanto tempo querendo fazer isto. Deixamos de comer o melhor sorvete do mundo, mas nem sempre dá para fazer tudo.

Seguimos para a praia do Forte. Almoçamos bolinhos de peixe com suco de mangaba no Souza, debaixo daquela sombra super agradável. Tentamos um hotel por ali, mas tudo estava extremamente caro. Então pegamos a estrada e partimos para o Sítio do Conde. Um lugar novo para conhecer.

O interessante do Sítio do Conde é que fica a 160 km de Salvador e a 150 km de Aracaju. Ficamos num ótimo hotel, simples, mas bastante confortável. A praia é plana, uma mistura de Sauípe e Barra dos Coqueiros. A caminhada do hotel até a cidade é ótima. Como também foi delicioso o banho de mar com o sol indo embora como fizemos no dia que chegamos. Foram duas noites aqui e creio que vale a pena voltar. Na ida para Aracaju entramos em Terra Caída para tentar cruzar de balsa para o Saco, mas a balsa ainda ia demorar muito, então resolvemos ir pela Estância mesmo.

Ótima decisão, com isso podemos passar na Estância e ver Ivan e Tia Angelina. Só que, quase em frente ao Cinema, caímos num buraco que amassou o protetor do carter e, pressionado, o cano de descarga estava fazendo muito barulho. Já de volta à BR, resolvemos parar na concessionária da Volks. O pessoal foi super simpático. O responsável reconheceu Marta porque trabalhava na concessionária de Aracaju onde ela tinha comprado o carro. A idéia era substituir o protetor, o que acabou não ocorrendo porque a peça estava em falta. Os mecânicos então desamassaram o antigo e recolocaram e o barulho desapareceu. Não queriam cobrar nada, e afinal deixamos uma gorjeta.

No caminho tiramos uma foto de uma igreja próxima a Itaporanga, que parecia ter sido importante.

Chegamos à Aracaju em tempo para um almoço. Ficamos uns dias aproveitando a praia e curtindo a família. Nesse tempo consegui fazer algo que queria ter feito a muito tempo. Fui conhecer Riachuelo, terra de meus avôs. Telma foi conosco e nos levou a conhecer o hospital Sílvio Cesar Leite, médico e irmão de meu avô. Uma das irmãs da ordem que cuida do hospital nos recebeu e mostrou o hospital: simples mas bem cuidado. Uma das coisas que falou foi do problema gerado pela fuligem da queima dos canaviais da usina Pinheiros e das reclamações que já fizeram.

Hora de prosseguir viagem. Agora com duas companheiras: Liliana e Gabriela. Seguimos direto para Tamandaré via Própria. Seria melhor termos ido por Penedo, mas por boatos de assalto na estrada acabamos enfrentando o movimento da BR que em Alagoas está em péssimo estado, aqui e ali.

Chegar a Tamandaré faz com que passemos por uma reserva muito bonita e com calçamento condizente. Nesse trecho a estrada é de paralelepípedo, creio que uns dois quilômetros.

Em Tamandaré ficamos num pousada bem simples. Recomendada pelo guru de viagens, Ricardo Freire, que a visitou em 2006. O lugar mais simples que ficamos. Foi bom. Particular é o dono da pousada, Alberto, um italiano que resolveu fixar residência em Pernambuco Ele e a família cuidam da pousada. Valeu o que pagamos. Na saída procurei examinar melhor uma construção que estava sendo feita no jardim da pousada. A princípio parecia um depósito. Era um retângulo branco, com duas portas e duas caixas para ar-condicionado. Vendo que na verdade não seria um depósito entrei e vi que na verdade eram dois quartos. Mais como podiam ser quartos se não havia janelas, só duas portas e duas caixas de ar condicionado? Fiquei curioso e perguntei a Alberto sobre as janelas. Sua explicação foi hilária, argumentou que tudo era muito confuso e que já havia entrado em conflito com dois grupos de pedreiros e que na verdade todos tinham se esquecido das janelas!

Isso é presente em todo canto que tivéssemos parado. As construções, vistas ao longo da viagem, mostram o descaso com o assunto de arquitetura urbana e a completa falta de fiscalização sobre as construções.

Nossa estada foi ótima. Fomos a um bom restaurante onde o prato chefe é um talharim de camarão com molho de tomate e creme de leite. Estava gostoso. No primeiro dia ainda tivemos tempo de um banho de mar de fim de tarde. Excelente banho, os arrecifes protegem e formam piscinas deliciosas e cristalinas. Muito bom.

No outro dia, andamos até Carneiros. Linda caminhada. No caminho cruzamos com um barco de pescadores que acabavam de chegar e com a rede cheia de pequenas lagostas. Depois, já na praia de Carneiros pegamos um pequeno barco capitaneado pelo jovem Mávio ou será que era Návio. Enfim, seu barco, Fortaleza, nos levou a uma ilha de areia e ao outro lado, num praia verde de água e mangue, com direito a banho de argila; lá comi umas dez ostras. Deliciosas. Terminamos o passeio com um almoço no Bejupirá de Tamandaré, bom, mas caro.

Na volta discutimos o uso de ar-condicionado em casas a beira-mar, onde a brisa é constante. Eu claro, acho um absurdo que alguns arquitetos não construam procurando aproveitar o vento e o sol. Para mim, casas, principalmente nas praias da costa sudeste, nordeste e norte devem usar ao máximo a ventilação natural, dando preferência a materiais como a telha de argila e com pé direito alto, aproveitando também janelas com persianas.

De lá seguimos para a costa sul da Paraíba, Tabatinga. Aproveitamos à tarde para uma caminhada ao norte costeando as falésias até a praia dos Coqueiros. Beleza de passeio. Um dos mais perigosos, porque ao subir num a falésia para aproveitar a vista, levei um tombo que pensei que tinha quebrado o cotovelo. Fui uma super dor, mas durou pouco. Marta ficou preocupada e logo subi para ver o que tinha ocorrido. O fim de tarde foi excelente, voltamos para o hotel passando por uma formação de arrecifes bastante interessantes porque formavam diferente grutas, simulando gêiseres.

Jantamos num restaurante que fica no topo da rodovia estadual entre Tabatinga e Tambaba, lugar que já tinha observado em 2007 quando fizemos um passeio às praias do Sul, partindo de João Pessoa. Foi um bom jantar e a surpresa ficou por conta de uma batida feita com uma cachaça da região, Gabriela Cravo e Canela, fermentada com canela. Muito gostosa. A pedida foi camarão empanado. A noite foi tranqüila e dormimos ao som das ondas. O café da manhã no terraço do hotel foi bastante bom, com uns biscoitos bem gostosos.

Saímos para andar pelo lado Norte na direção de Jacumã e na ida cruzamos com um pequeno filete de água que ligava o Maceió ao mar. Tirei várias fotos de algas, com verde bem escuro e em forma de cacho de uvas. Chegamos até um ponto popular da praia onde havia várias piscinas formadas pelos arrecifes. Ficamos aí algum tempo, apesar de um forte odor que não sabíamos de onde vinha. No caminho de volta tiramos algumas fotos , inclusive de uma casa que só utiliza ventilação natural, procurando aproveitar todas as chances de vento. Passamos também pela sereia que fica na frente de um dos hotéis . É uma interessante escultura que surge depois das ondas. Tirei algumas fotos, mas sem a objetiva a imagem fica bastante reduzida.

Na volta Liliana e Gabriela vieram na frente e eu e Marta demoramos um pouco mais porque fiquei tirando fotos das algas. Quando voltamos para perto do hotel, vimos que o Maceió tinha estourado: ou seja, a lagoa antes represada abriu um braço de rio na direção do mar, fazendo não só uma correnteza forte, como também criado um fundo movediço. Eu e Marta custamos um pouco a entender o que estava ocorrendo, mas a travessia não foi fácil. O grande problema era ser derrubado pela força da água e pelo fundo sem firmeza. Só aí eu dei conta do perigo. Com sorte atravessamos sem maiores problemas, no entanto ao chegarmos do outro lado, vimos que Gabriela e Liliana não tiveram tanta sorte. Liliana foi derrubada pela força da água e sua bolsa ficou toda molhada: uma pena, porque na bolsa estava a máquina digital. Foi um baita prejuízo. No entanto, Liliana é bem humorada e tirou por menos, esperando que talvez ao secar a máquina voltasse a funcionar. Depois dessa aventura, voltamos ao hotel e caímos na piscina, que é bastante bonita.

Depois do banho, fizemos o ‘“check-out” e partimos em direção a João Pessoa. No caminho pai e filha vendiam bonitos cajus. Compramos meia dúzia por um preço que no supermercado seria equivalente a um único caju. Além disso, os cajus estavam deliciosos. Continuamos andando.

Quase perto do Cabo Branco, notei que o carro estava quase falhando. Liliana ligou para sua amiga em João Pessoa para saber de um recomendação de uma oficina. Acabamos indo direto para uma concessionária da Volks. Quando chegamos, o carro parou. Como estávamos em viagem, a oficina, que já estava cheia, deu prioridade para consertar nosso carro, mas com isso esperamos mais de 3 horas! Finalmente quando nos entregaram, diagnosticado com problemas de vela e cabos, dirigi 100 metros e vi que o carro ainda estava com problema. Mostrei ao consultor, e resultado: o carro teve que ficar para ser novamente reavaliado. A revendedora foi correta ao oferecer o transporte para o hotel.

Deixamos Liliana e Gabriela na casa de amigos e seguimos para o hotel Ibis. Com imprevisto do carro, acabamos ficando mais uma noite em João Pessoa, o que foi ótimo porque pudemos aproveitar mais da cidade, principalmente da praia, onde andamos de bicicleta e chegamos até o do Cabo Branco, o ponto mais ocidental do Brasil. O carro só ficou pronto no fim da tarde, afinal o problema era na bomba de gasolina, o que talvez tenha ocorrido por um abastecimento feito em Tamandaré. Aqui, vale notar a simpatia das pessoas envolvidas, todos bem educados e solícitos, tentando ajudar ao máximo.

Em João Pessoa ficaram Liliana e Gabriela. Lá, além de lancharmos no Fina Fatia, com ótimos sanduíches, almoçamos no Mangai. Uma experiência imperdível, e com um coadjuvante inesperado, um delicioso suco de jabuticaba.
Quando estávamos saindo de João Pessoa verificamos o step. Estava vazio, e eu tinha enchido em Aracaju. Fui sorte. O pessoal do posto indicou um borracheiro, que rapidamente consertou o pneu.

Seguimos para Natal, na verdade para Pipa. A estrada, desde Recife está sendo duplicada no padrão europeu, com camadas de concreto e asfalto. Vai ficar uma estrada padrão, ligando Recife à Natal. Vimos o material do Exército, que está envolvido na construção da estrada, no entanto vimos poucos soldados e ou oficiais. Incrível que não se possa fazer isso com mais gente e com mais rapidez. Aliás, é uma situação embaraçosa que até hoje a BR-101 é a mesma de mais de 30 anos atrás.

Ficamos em Tibaú do Sul, num excelente hotel. Foi um dos pontos altos da viagem.

Nossa caminhada de Tibaú até a praia dos Amores em Pipa foi fantástica. Uma das maiores que já fizemos, talvez só um pouco menos do que de Arraial até Trancoso em 2005. No caminho passamos por lindas paisagens, algumas com as falésias expostas e outras com a falésia já com vegetação. O ponto alto foi pegar onda! A última vez, há oito anos, tinha sido no Havaí. Consegui. Foi ótimo.

Passamos pela cidade de Pipa para chegar a Praia do Amor. No caminho almoçamos um peixe bem fresco a beira mar, onde tivemos a sorte de termos a companhia de uma cantora que vive em Pipa. Ele tinha encontrado uma amiga de Portugal, pediu a dona do bar para colocar seu CD e acompanhou algumas músicas. Foi ótimo. Dali seguimos para a Praia do Amor e fomos além, subimos na falésia e tiramos várias fotos. Voltamos para Praia do Amor, de onde novamente subimos a falésia, agora por uma escada e tiramos muitas fotos dos surfistas.

Para chegar até Pipa passamos por várias pousadas, algumas com jardins muito bonitos: mais fotos. Passeamos por Pipa, vimos a loja Gatos de Rua, compramos uma garrafa da cachaça que tínhamos conhecido em Tabainga e voltamos de van, com um fanático motorista. Além de dirigir no limite tinha um coração no retro visor com o símbolo do São Paulo, além de uma Santa no pára-brisa da frente. Chegamos exaustos, mas mesmo assim fomos jantar no Mercado, muito bom restaurante em Tibau.

No outro dia atravessamos a baía de Guairá para praia de Malembá, onde se pratica o Kit Surf, excelente passeio, apareço numa foto fazendo aquela divertida brincadeira de descer no banco de areia. Gosto de fazer isso desde de pequeno. É ótimo.
Ficamos na praia e entramos um pouco na direção da baía, até partes do mangue. Lindo passeio. Na balsa de volta avistamos um golfinho, tirei algumas fotos, mas com muita distância.

Almoçamos na praia da barra, ostras e um peixe frito. As ostras eram vendidas por um gaúcho, ele próprio o criador. Vendeu-nos também um pó de ostra, como ótimo complemento de cálcio. Depois fomos ver o pôr-do-sol. Simplesmente fora de série. Depois disso passamos no trailer da Portuguesa, que fez uma batida muito boa, e a qual falamos sobre a batida de seriguela. Beleza. Isso sem falar nas noites, todas elas de lua cheia. "Amazing".

O hotel era excelente. Os quartos, como chalés: um quarto grande um banheiro com banheira e chuveiro e um closet enorme. Entre o closet e o banheiro uma pia. A construção de tijolo aparente, com estilo “clean”, e com janelas de madeira com persianas de maneira a controlar a ventilação e a iluminação. Uma das arquiteturas mais legais que já vi: unindo funcionalidade com espaço e com simplicidade. Além disso tinha uma varanda com rede. Completamente massa. Isso tudo no topo da falésia, num jardim incrivelmente verde e com flores. É torcer para que o lugar continue assim.

Jantamos numa pizzaria, simpática, mas as pizzas ficavam na aspiração de serem exatamente pizzas.

Saímos de Tibau com destino a Recife. A idéia era encontrar com Jaelson, mas esse estava viajando. Acabamos indo para Porto de Galinhas, mas perdemos tempo procurando um hotel: tudo cheio ou absurdamente caro. Na estrada de Porto uma surpresa, um enorme out-door da Rede Globo.

Voltamos a Tamandaré, mas também sem muita opção ficamos num hotel que tem uma torre alta, um pouco longe da praia. Chegamos tarde e fomos jantar no mesmo restaurante que jantamos na ida, pedimos o mesmo prato, talharim de camarão, mas o anterior estava melhor. Pela manhã demos uma volta na praia, até perto de Carneiros.

Saímos cedo com destino Aracaju. Viagem puxada. Paramos em algumas praias de Alagoas, mas sem almoçar propriamente. Chegamos no início da noite em Aracaju.

Ficamos em Aracaju por mais alguns dias. Conhecemos um novo hospital. Bem instalado. Graças, tudo sobre controle. Fomos à praia, tirei algumas fotos.

Saímos de Aracaju, direto para Salvador via linha verde. Chegamos cedo, fomos fazendo o roteiro da praia e procurando por hotel. Comemos um acarajé na Rita e acabamos ficando num hotel no corredor da Vitória. Um quarto tinha uma nesga de vista para a baía de Todos os Santos, a foto ficou bonita.

Pulamos o jantar. Pela manhã tomamos café na Perini Graça, super moderna, e fomos para o ferry. A travessia foi bem bonita As vistas foram fantásticas e renderam boas fotos. Chegamos a Bom Despacho e rumamos para Nazaré. Paramos aí para comprarmos a famosa farinha. É impressionante saber que no passado Nazaré era uma das mais importantes cidades baianas.

Chegamos cedo a Valença. Deixamos o carro no mesmo lugar da nossa viagem de 2005. Bastante prático. Pegamos a lancha rápida em direção a Morro. Viagem como sempre super bonita. É bonito ver a igreja do Galeão, sozinha ao redor do verde e do rio Taperoá. Chegando a morro, a mesma estória de sempre, buscar o hotel. Dessa vez ficamos na cidade. Um hotel com uma das vistas mais lindas do mundo (Segunda Praia). Ótimo quarto: excelente varanda. Jantamos na segunda praia, ótima moqueca de camarão. Claro que antes já tínhamos tomado a batida do Joe: creio que a minha foi de umbu. De sobremesa tomamos sorvete da Ribeira. Um luxo.

Pela manhã fizemos o passeio a Gamboa. Fantástico, como sempre. Dei um mergulho excelente e tirei fotos fora do gráfico. Tomamos banho de argila, e tirei uma foto surpreendente. Aqui, temos que explicar: a foto foi intencional, mas o resultado foi realmente além do imaginado. Curioso. Almoçamos na praia e fomos ver o pôr-do-sol no gaúcho do pão de queijo. É sempre bom.

No outro dia andamos até o fim da quinta praia e almoçamos no hotel dos chalés, ficamos a beira da piscina, no meio do belo jardim. O peixe estava excelente, mas como esperado atraiu as grandes moscas. Lá aprendemos com o gerente da pousada que queimar pó de café espanta as moscas: funciona. Soubemos também da história do cavalo que caiu na caixa d’água. Dependendo de como contada pode ser um história engraçada, ou trágica. Afinal, levou tempo para se saber por que a água estava com tanto mau cheiro.

Voltamos para o hotel bem à tardinha. Ficamos por lá mesmo, afinal foi um dia super puxado. Foi bom ver o fim do dia da varanda. Foi ótimo mais um dia amanhecer com a beleza da Segunda Praia.

Durante o café conhecemos o rapaz do hotel que faz o curso de administração em Valença alguns dias a noite. Um super esforço, mas o corintiano estava bem decidido. Achei bem legal. Bom exemplo. Falou do livro do Chiavenato e como esse era caro, mas sabia que era um bom livro. Interessante.

Saímos cedo e na estrada paramos no já bastante conhecido LP, onde almoçamos uma comida sempre boa. Daí fomos para Arraial da Ajuda. Chegamos ao fim da tarde. Custamos a achar o hotel, mas acabamos achando uma pousada de um casal mineiro. Na cidade, longe da praia, mas com um jardim interno. O quarto amplo e confortável, e de manhã acordamos com o sabia cantando na árvore em frente ao quarto. A foto ficou ótima.

Jantamos no Italiano, foi muito bom. O vinho estava ótimo. Compramos um presente para Bia, e uma camisa para mim. Marta comprou umas tiaras na loja de uma gaúcha radicada em Arraial. Muito bonitas e bem trabalhadas. É ótimo poder andar pelas ruas de Arraial.

Saímos cedo para visitar Trancoso. Ficamos um bom tempo no Quadrado, tirando fotos, vendo as casas, as galerias e chegamos a igreja; mais fotos. A vista é espetacular. No retorno para o carro compramos a luminária de tijolo decorado. Está hoje na sala. Pegamos a estrada de volta a Arraial e compramos uns coqueiros decorados na saída de Arraial. Estão na cozinha.

Ainda tentamos saber onde era a casa de Lia, mas sem sucesso. Seguimos para Prado. A estrada entre a BR e Prado é um exemplo claro da falta de sentido na devastação da mata atlântica: quilômetros de pasto super verde, mas sem necessidade. Ao fundo, do lado esquerdo a mata preservada pelo Parque Nacional do Descobrimento, ainda bem. Parece que os fazendeiros são insensíveis quanto às árvores. Aqui e acolá se consegue ver uma árvore que ficou, talvez mesmo, para mostrar a brutalidade da devastação. Longos campos verdes, sim com algum gado. A estrada é bonita e quase sem transito. Poucos quebra-molas, mas há que ter atenção: como sempre.

Chegamos ao hotel já bem no fim do dia. Fui mergulhar já sem luz do sol. Pegamos o carro para irmos jantar. A cidade movimenta-se ao redor de um retângulo, similar a Trancoso na forma, mas sem o charme de lá e com carros em volta da praça. Escolhemos um restaurante segundo o guia, mas o prato ficou a desejar. A moça que nos atendeu, bem simpática estava na dúvida entre cursar turismo ou enfermagem. Fiz uma observação sobre a importância dos serviços de enfermagem, ressaltando que aprenderia algo que poderia ajudar a salvar vidas. Será que me escutou?

Depois do jantar resolvemos passear no retângulo de Prado. Achamos algumas lojas interessantes, mas a principal descoberta foi o melhor sorvete do Brasil! Melhor que o da Ribeira. Impressionante. Chama-se Sorveteria Tropical, pitanga, umbu, coco, tangerina. Incrível. Vimos também o cachorro quente do Seu Madruga, deu vontade, mas já tínhamos jantado.

Acordamos com chuva. Dei um mergulho mesmo assim. Tomamos café e seguimos para Alcobaça. No portal da cidade uma grande estátua de uma baleia; a marca da região. Tiramos boas fotos.

Seguimos para Vitória. Na travessia do Rio Doce, um imprevisto: um desastre no meio da ponte, um rodízio de quem vinha e de quem ia. Deu um certo susto, ficar parado sentindo a ponte tremer. Trecho super perigoso, com os treminhões. Entrei na direção de Santa Cruz usando novamente a estrada da Aracruz, refazendo o mesmo caminho da vinda. Paramos na barraca dos índios Guaranis, onde comprei presentes para Julio e Pedro e para mim também. Eu já tinha pensado em parar na hora da ida, mas ficou para volta. Que bom que consegui.

Em Vitória ficamos no Ibis, fomos jantar num restaurante famoso pela moqueca e que fica bem perto do hotel. Foi ótimo. Acordamos e seguimos, via Anchieta, para Búzios. Paramos em Anchieta para ver o museu, a igreja e tirar algumas fotos.

Foi ótimo chegar a Búzios, rever a família e poder ficar um pouco com minha irmã que mora em Brasília. No outro dia voltamos para casa.

6700 quilômetros: lindas paisagens, falta de infra-estrutura, mesma estrada de há trinta anos, mas essencialmente uma viagem onde o ponto alto foram as diferentes pessoas que nos ajudaram a fazer essa redescoberta dessa linda parte do planeta terra, talvez a mais linda dela, mas principalmente uma região em que me sinto em casa.

Obrigado a todos que de alguma maneira tornaram isso possível, quer seja consertando um pneu, colocando gasolina no carro, dando informações importantes, sorrindo numa venda, ajudando na escolha de um prato, ajudando na escolha de um quarto, conversando sobre a vida, falando do futuro, desejando melhorar, consertando o carro, navegando as várias baías, servindo as melhores frutas, os melhores peixes, cortando o melhor coco. Obrigado pelos sorrisos, tantos e sinceros.

Caramba, realmente temos que agradecer a todas essas pessoas, elas fizeram os 6 700 quilômetros serem o que estes foram: inesquecíveis.