sábado, março 22, 2008

Cormac McCarthy --> Violência (Literatura?)

Acabei de assistir Charlie Wilson's War. No Brasil, levou o título de
Jogos do Poder (diretor: Mike Nichols).
É um filme correto, muito bem montado e com um excelente ritmo. Três atores de primeiro time: Tom Hanks, Julia Roberts e Philip Seymour Hoffman. Os atores são ótimos e o Philip Seymour Hoffman faz uma interpretação brilhante. O filme foi criticado porque não teria um discurso político e porque deu prioridade à diversão. Discordo. O filme mostra como guerras são feitas, como funciona a troca de favores entre congressistas, como milionários influenciam o funcionamento do estado e como sociedades secretas podem existir, além, claro, dos usuais "escândalos" com sexo e drogas. Tudo isso é pano de fundo para "explicar" como os Estados Unidos armaram os afegãos para que estes derrotassem as forças invasoras da União Soviética.

Alguns críticos fizeram uma comparação com o filme Leões e Cordeiros (“Lions for Lambs”) do diretor Robert Redford. O filme de Redford é um discurso político na forma direta. Interessante que, como em Jogos do Poder, o filme também tem uma trinca de atores fora de série: Robert Redford, Meryl Streep e Tom Cruise. Só que Jogos de Poder é muito melhor enquanto cinema. Leões e Cordeiros, como muitos críticos apontaram, mais parece uma aula. Creio, no entanto, que isso foi intencional. Aqui o cenário é a discussão sobre a consciência política da juventude americana no início do século XXI. O pano de fundo é a guerra no Afeganistão, mais isso, quase mais de 10 anos depois da expulsão da União Soviética.

De qualquer modo a diferença entre os dois filmes é clara quando se comparam os “termômetros” do sítio Tomates Podres. Jogos do Poder ficou com 83% e Leões e Cordeiros com 27%! Outro aspecto interessante: as capas promocionais dos dois filmes mostram os 3 atores principais.

Vale a pena ver esses filmes? Sim, recomendo. Apesar de americanos e extremamente ligados à cultura americana, nos ajudam a “entender”, um pouco, a confusão que foi criada no choque entre o mundo ocidental e o mundo árabe.

Ao pesquisar sobre os dois filmes acima e ler algumas das críticas, encontrei também críticas sobre o filme “No Country for Old Men” (diretores: Joel Coen, Ethan Coen), com o título, no Brasil, de “Onde os Fracos Não Tem Vez”. Incrível! No termômetro dos Tomates Podres tem 94%!. Vi o filme há duas semanas atrás. Incrivelmente bem feito, prende o espectador do começo ao fim. No entanto, não gostei do filme. Na verdade, recomendo que evitem ver o filme. È violento e desconfortável. Ao sair do cinema fiquei angustiado, e isso não ocorreu só comigo. No entanto, foi o grande ganhador do Oscar esse ano.

No meio do ano passado li um livro, que estava na lista de mais vendidos nos Estados Unidos, chamado “The Road”. Li o livro até o fim, mas fiquei triste. É uma das visões mais pessimistas sobre a humanidade que lembro de ter lido. O romance narra a saga de pai e filho num mundo completamente destruído e onde os sobreviventes, não são vistos como parceiros e solidários sobreviventes, mas como predadores uns dos outros. É uma ode ao uso de armas. Realmente terminei de ler, porque já tinha começado. Achei angustiante, tenebroso, e sádico. No entanto, foi um livro muito popular e seu autor é aclamado pela crítica americana como um escritor importante. Seu nome é Cormac McCarthy.

Para minha surpresa, ao ler as críticas ao filme “Onde os Fracos Não Tem Vez”, que como disse acima não gostei, soube que o filme foi baseado num romance do mesmo escritor do livro que critiquei, ou seja o Sr. Cornac McCarthy. Se soubesse disso, talvez não tivesse ido ver o filme.